Publicado • 19/04/25 às 14:32h
Nascida em Vitória, Espírito Santo, em 1962, Alcidéa Miguel de Souza construiu uma trajetória plural entre as artes, a música e a literatura. Radicada em Santo André, no ABC paulista, ela é professora há 25 anos, atriz, musicista, cantora, regente e escritora — uma mulher que transformou suas vivências em narrativas potentes, ecoando vozes muitas vezes silenciadas.
Das notas musicais às palavras
Formada em Artes e Música, com pós-graduação em Cultura, Artes e Educação, Alcidéa começou sua carreira artística como saxofonista e violonista, lançando em 2016 o CD Mais que maravilhoso, com composições autorais. Mas foi na escrita que encontrou uma forma de eternizar histórias. Seu primeiro livro infantil, Eu também chorei na escola (2000), nasceu de memórias pessoais:
“É a minha história de quando pequena, o quanto chorei no portão do colégio querendo minha mãe”, revela em entrevista à Revista Conexão Literatura.
A obra, que aborda o universo escolar com sensibilidade, foi apenas o início de uma produção literária diversa, que vai do romance à crônica social. Em Sampa em contos e crônicas negras (2019), ela retrata São Paulo em narrativas marcadas por exclusão e resiliência, enquanto em Um amor feito tatuagem (2020), romance baseado em fatos reais, explora um amor proibido entre músicos.
Literatura como resistência
Participante ativa da cena literária negra, Alcidéa integrou duas edições dos Cadernos Negros (2015 e 2017), antologia emblemática do coletivo Quilombhoje. Sua escrita, muitas vezes autobiográfica, dialoga com temas como identidade, afeto e superação, como em O Diário dos meus Crespos Versáteis (2021), obra infantojuvenil que celebra a autoestima negra.
Em 2018, alcançou um marco ao ser empossada na Academia de Letras da Grande São Paulo (ALGRASP), ocupando a cadeira 25, cujo patrono é Vinicius de Moraes — uma justa homenagem a sua contribuição cultural.
“Minha alma se transformou em criatividade”
Autora de mais de dez livros, incluindo infantis, romances e obras de autoajuda, Alcidéa define a escrita como um ato de compartilhamento:
“Os leitores me motivam a escrever mais, pois sugerem os temas dos próximos livros”, afirma.
Sua rotina une a sala de aula, onde ensina Artes e Teatro, a projetos como palestras e contação de histórias — sempre com a missão de transformar vivências em arte. Em 2024, lançou Dáfiny, a nova descoberta, reforçando seu compromisso com narrativas que empoderam jovens leitores.
Uma obra em constante movimento
Com publicações que transitam entre o pessoal e o universal, Alcidéa Miguel prova que histórias reais, quando bem contadas, podem emocionar e mobilizar. Seja no palco, nas páginas de um livro ou na frente de uma turma de alunos, ela segue escrevendo — com letras e notas — uma trajetória de resistência e beleza.
Confira suas obras em editoras como Scortecci e Giostri, ou acompanhe seu trabalho em redes sociais.