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NINGUÉM PODE CALAR A NOSSA VOZ: A Coroa de Fátima Bosch se Tornou a Voz de Milhões

Da passarela tailandesa ao lar mais humilde, a vitória de Fátima Bosch se espalha como um grito de liberdade para milhões de mulheres das Américas, unindo uma diversidade de cores, etnias e histórias sob a mesma bandeira de resistência.

São Paulo • 21/11/25 às 16:30h

 

Ela não carregava apenas a faixa do México. Nos seus ombros, Fátima Bosch carregava o peso silencioso de incontáveis batalhas travadas por mulheres desde o rio Grande até a Patagônia. Sua coroação como Miss Universo 2025, na tailandesa Bangkok, foi mais que a vitória em um concurso de beleza; foi a consagração pública de uma resistência que fervia nos bastidores. Uma resistência que começou semanas antes, quando um magnata do evento tentou calá-la com insultos.

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foto – REUTERS

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A cena, capturada em vídeo e que correu o mundo, foi um espelho de humilhações cotidianas. Chamada de “burra” publicamente por um erro burocrático, Fátima não baixou a cabeça. Com uma dignidade que arrancou lágrimas e suspiros coletivos, ela ergueu-se respondendo com um “NINGUÉM PODE CALAR A NOSSA VOZ” e saiu da sala. Seu ato solitário, porém, não ficou sozinho. Outras candidatas, unidas por um fio invisível de solidariedade, seguiram-na. Juntas, desafiaram a ameaça da desqualificação. Era a garra latina, tantas vezes romantizada, mas raramente tão bem representada num palco global.

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Naquele momento, Fátima não era apenas uma modelo de 25 anos de Tabasco. Ela era a costureira boliviana que exige respeito, a mãe solteira peruana que sustenta a casa, a jovem profissional colombiana que luta por um espaço na sala de reuniões, a agricultora paraguaia que defende sua terra. Era a voz de todas as cores e etnias que compõem o tecido vivo e ferido de uma América Morena. Sua coragem brilhou pelo mundo afora, e no apoio que transbordou das redes sociais, transformando um momento de conflito em um movimento.

“O mundo deve testemunhar isso”, disse Fátima aos jornalistas, com a serenidade de quem fala por milhões. “Somos mulheres independentes e este espaço nos permite fazer ouvir nossa voz.” A frase, simples e direta, tornou-se o “ajayu” (alma) de milhões.

E quando o caos tentou reinar nos bastidores, com acusações de votação viciada e a renúncia de jurados, a força que ela representava já era maior que qualquer polêmica. Sua vitória final não foi um mero reparo de imagem da organização, mas um reconhecimento tácito de que aquele era um caminho sem volta.

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Na coletiva de pós-coroação, ao dizer, em inglês, que desejava ser lembrada como “uma Miss Universo que não teve medo de ser ela mesma”, Fátima Bosch definiu um novo capítulo. Enquanto isso, em Villahermosa, sua cidade natal, um estádio lotado celebrava não só a coroa de uma concorrente, mas a vitória de uma filha que soube levantar a voz. E naquele grito, da América Latina, milhões de mulheres se reconheceram, sentindo, no fundo da alma, que sua voz, finalmente, não pode mais ser apagada.

fotos – Divulgação
Vídeo: Ron Nasis

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